segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Barcelona, 12 de janeiro de 2011

Hoje estivemos num espaço chamado La Caldera, que nos chamou bastante a atenção pelo seu histórico e pela maneira criativa e cooperativa com que aparentemente administram o lugar. Chegamos até eles por indicação de Leo Castro, atriz e bailarina que é companheira de Pablo Molinero, do Los Corderos. Carles Mallol, fundador da companhia Senza Tempo, nos recebeu super bem e nos apresentou o espaço.
Trata-se de um galpão com três grandes estúdios, um em cada andar, uma pequena sala de apresentação com cerca de 70 lugares no andar térreo, um “espaço de convivência” (um bar com pequeno serviço e ampla sala para promover o encontro entre os residentes e visitantes, promover conversas, reuniões). No mesmo andar do “espaço de convivência” esta a “principal”, sala onde se concentram os escritórios das companhias fundadoras da Caldera.
O que nos chamou a atenção foi a forma de administração do espaço, que é privado mas que sobrevive com subvenção pública, neste caso das três esferas de governo. Logo no início a Caldera era um espaço muito alternativo, sem aquecimento, frio, e funcionava em um andar somente. Com o desenvolvimento do projeto foram ganhando outros andares do prédio e hoje ocupam o prédio inteiro com projeto de comprá-lo nos próximos anos.
São quatro companhias de dança fundadoras do lugar e, ao todo, são 12 companhias residentes, todas com um pequeno escritório funcionando no lugar.
Além das companhias residentes o espaço desenvolve também projetos sociais que ainda não tivemos muito tempo de examinar como funcionam. O bacana foi conhecer uma idéia cooperativa de administração de um espaço privado, que se mantém com dinheiro público e favorece a existência de outras companhias. Os escritórios das companhias não estão em salas privadas, mas em mesas vizinhas umas às outras, o que acaba promovendo o encontro entre elas e uma espécie de caos criativo no espaço. Isso, para nós, foi bastante interessante observar: que as companhias trabalham em cooperação, não estão cada uma fechada em seu espaço esconde seus projetos umas das outras, ao contrário, estão convivendo com seus problemas de diversas ordens e alimentando um projeto em comum enquanto desenvolvem seus próprios projetos.
Assim como La Caldera, a maioria das companhias e espaços que mantém um trabalho significativo recebem subsídio público, o que é bastante positivo por um lado, mas que parece também causar uma espécie de dependência não muito saudável por outro, mas isso é tema para uma reflexão específica que pretendemos postar daqui a pouco.


2 comentários:

  1. Adorei o blog e saber dos acontecimentos. Muito bacana este compartilhar do processo, é realmente algo que não cultivamos muito por aqui... sabe-se lá porque... obrigada!

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